Faz muito tempo que aqui não ponho os pés,
ou melhor os dedos, para teclar algumas palavras sobre algum disco velho como
eu. Mas é que , hoje, justamente hoje,
reencontrei pelo menos virtualmente, um disco antigo, lá dos anos oitenta. Para
ser mais exato...ano do Nosso Senhor jesus Cristo de 1981. O disco é de lá, mas
eu o conheci uns quatro ou cinco anos depois. Mas o fato é que ele veio
até minha pessoa, pelas mãos de minha mãezinha. Estou falando de
"Querubim", um disco do velho mestre Dominguinhos. Todo dolorido, pra
mim pelo menos. Todo cheio de amores dos vinte anos. Todo cheio de amores indo
embora pra nunca mais talvez, até bater de novo na porta, com o cheiro dos
cabelos da amada a botar pra fora do peito a tristeza da saudade. O "Querubim"
satisfeito, sorrindo a presença dela. Mas é assim, a sanfona do mestre falando de coisas que só o
coração conhece. E há uma música, pela qual empreendi uma jornada sem fim
desde o início dos anos dois mil, quando os vinis foram jogados longe por
aqueles que só enxergam o novo, e fiquei sem meu Long Play, e nunca mais pude
ouvi-la. Falo da canção "Esse velho sol", uma canção que para mim é o
síbolo deste disco. Todo nordeste, todo sentimento de ida e vinda. Todo
migrante solitário, como o meu amor indo embora pra longe de mim. Ela indo, eu
ficando. E só Dominguinhos cantando pra mim o velho sol, que me consolava dizendo
que o amor é assim. Como o sol, podendo complicar, se dando pra Ipanema e indo
dormir no Ceará. E eu sem poder ir a São Paulo, onde é mais seguro pra se amar.
Ah, mas são coisas de um
velho coração, cheio de mágoas e gemidos antigos. Quero que você ouça, e talvez encontre em suas lembranças,
restos de sol iluminando algum canto do porão da alma,e fique feliz apenas em ouvir, como eu fico. Um
abraço.
A página do Artista onde você pode ouvir este disco:
http://www.dominguinhos.mus.br/index.php?option=com_content&view=article&id=81&Itemid=81