domingo, 12 de julho de 2015

Caetano...Muitos Carnavais...Meus Carnavais.

Outro dia me perguntaram se ainda vou à rua ver o carnaval aqui em Salvador. Respondi que não. Então perguntaram porque eu não vou. Respondi então que o motivo pode ser um conjunto de motivos. Mas o  que mais me faz não querer ir,  é o que há para se ouvir no atual carnaval baiano. Não quero falar mal, mas não posso dizer que me agrada. Não sinto no que é tocado hoje em dia a emoção que me fazia sentir que era carnaval. Havia um quê de serpentina, pierrôs e colombinas saltando de cada acorde tocado naquelas músicas. Mas que música era aquela da qual estou falando? Tenho em mãos  um disco que responde a esta pergunta. Seu nome é "Caetano...muitos carnavais..." . Meus contemporâneos sabem o que era esperar a nova música de Caetano para o carnaval. E lá nos anos setenta, pulávamos atrás do trio elétrico porque Caetano havia nos ensinado que "atrás do trio elétrico só não vai quem já morreu". Então lá pelos idos de 1977, foi lançada esta coletânea de Caetano Veloso contendo 14 canções que embalavam e embalam até hoje os carnavais de quem faz questão de sentir a emoção do carnaval com cara de carnaval. "Muitos carnavais", "Chuva, suor e cerveja", "A filha da Chiquita Bacana", são clássicos que me faziam ansiar por pisar o chão da praça o mais breve possível. Não me entendam mal, não estou pregando volta ao passado, nem condenando o carnaval de hoje...mas eu, somente isto, eu não gosto do que ouço hoje em nome do carnaval. Mesmo por que, ouço hoje no carnaval aquilo que é tocado o ano todo...então não acho que haja hoje uma música de carnaval. Mas...não se incomodem com isto, é apenas mania de um velho com saudades...talvez. Mas fiquem então com a dica, com o disco, e ouçam o que eu ouvia em meus carnavais passados, quem sabe vocês também achem que falta alguma coisa no carnaval de  hoje...


Escutem abaixo um amostra do que falo...o resto é com vocês. Abraços.


segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Esse velho sol...Mestre "Querubim" Dominguinhos.

Faz muito tempo que aqui não ponho os pés, ou melhor os dedos, para teclar algumas palavras sobre algum disco velho como eu. Mas é que , hoje, justamente  hoje, reencontrei pelo menos virtualmente, um disco antigo, lá dos anos oitenta. Para ser mais exato...ano do Nosso Senhor jesus Cristo de 1981. O disco é de lá, mas eu o conheci uns quatro ou cinco anos depois. Mas o fato é que ele veio até minha pessoa, pelas mãos de minha mãezinha. Estou falando de "Querubim", um disco do velho mestre Dominguinhos. Todo dolorido, pra mim pelo menos. Todo cheio de amores dos vinte anos. Todo cheio de amores indo embora pra nunca mais talvez, até bater de novo na porta,  com  o cheiro dos cabelos da amada a botar pra fora do peito a tristeza da saudade. O "Querubim" satisfeito, sorrindo a presença dela. Mas é assim, a sanfona do mestre falando de coisas que só o coração conhece. E há  uma música, pela qual empreendi uma jornada sem fim desde o início dos anos dois mil, quando os vinis foram jogados longe por aqueles que só enxergam o novo, e fiquei sem meu Long Play, e nunca mais pude ouvi-la. Falo da canção "Esse velho sol", uma canção que para mim é o síbolo deste disco. Todo nordeste, todo sentimento de ida e vinda. Todo migrante solitário, como o meu amor indo embora pra longe de mim. Ela indo, eu ficando. E só Dominguinhos cantando pra mim o velho sol, que me consolava dizendo que o amor é assim. Como o sol, podendo complicar, se dando pra Ipanema e indo dormir no Ceará. E eu sem poder ir a São Paulo, onde é mais seguro pra se amar.
   Ah, mas são coisas de um velho coração, cheio de mágoas e gemidos antigos. Quero que você ouça, e talvez encontre em suas lembranças, restos de sol iluminando algum canto do porão da alma,e fique feliz apenas em ouvir, como eu fico. Um abraço.

A página do Artista onde você pode ouvir este disco:
http://www.dominguinhos.mus.br/index.php?option=com_content&view=article&id=81&Itemid=81







domingo, 20 de maio de 2012

Martinho Samba da Vila e a Rosa do Povo


Não tenho como começar a fala sobre este disco sem ser pela capa. Se fosse um livro, poria por água a baixo aquele ditado que nos diz para não comprar um livro pela capa. Mas é um disco, e me perdoem os sábios, mas já comprei vários discos pela capa. E este disco tem, na minha opinião, a capa mais bonita já feita para discos brasileiros. Estou falando de Rosa do Povo, disco de Martinho da Vila, o  maior sambista brasileiro na minha opinião.

O disco é de 1976, um presente para meus treze aninhos. Aquela capa...não podia ser ruim a música contida em tão belo envólucro. Herança de minha mãe, que era fã de Martinho e de toda música boa existente. Aconselho aos neo-sambistas-pagodeiros de hoje em dia que urgentemente ouçam este disco. Procurem e comprem. Se quiserem um ponto a mais, procurem em algum sebo por aí e comprem tambem o vinil ( pela capa ). Mas e o disco ? Ah, o disco. Estou ouvindo agora, meu vinil. Suave e poderoso, como assim é a própria voz de Martinho. Perfeitamente concebido e primorosamente gravado.  Começa com um diálogo entre Martinho e o próprio samba. Fala de uma tal claustrofobia da qual o samba parece padecer, e o manda sair, se espalhar pelo mundo com seu lararara. Vai meu samba...não precisas de prece,quermesse, passaporte,padre ou juiz. Depois disto, somos brindados com um presente raro. A voz perfeitamente talhada para o samba de nosso saudoso João Nogueira, divide a conversa de compadre denominada João e José. Tenha medo não amigo. Saravá. Assim ele cita Vinícius e dá as dicas. Um coisa que eu gosto e admiro em Martinho é que ele sempre repesentou o samba e viveu o samba com muita naturalidade e verdade e defendeu o samba sem rancores. Falo isto por que tenho escutado muitos sambistas falarem sobre o samba como algo perseguido e coisa e tal como se houvesse um complô contra o samba. Nada disso, Martinho desde os anos sessenta nos ensina que o samba precisa é ser bem cantado e bem sambado. Sem modismos midiáticos. Apenas cante um bom samba e ninguem vai resistir.

 Que cara chato sou eu, que não gosto muito dos pagodes de hoje em dia. Gosto de samba. É só ouvir e comparar, e saber do que estou falando. Estão ouvindo o tamborim ? O cavaquinho tocando melodias? Sim, melodias, Linhas melódicas. É assim que fala o cavaquinho. O surdo marcando, o baixo ditando o compasso. A cadência do samba, como diziam os mestres. Tudo isto está aqui. Nesta Rosa do Povo.
E no final, gostem ou não, este é o meu samba. Aliás pra mim, isto é samba. E tenho dito. Aliás como costumo dizer...ouçam este disco, vale  a pena.


 

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Da Bahia para o mundo, o mundo na Bahia! JAM NO MAN !!!

Sábado, seis horas da tarde. Sentado em um banco de frente para o um palco que tem ao fundo o mar de Salvador, esvazio minha latinha de cerveja e sinto pena dos que não estão ali junto comigo. Infelizmente começo a pensar que nem parece que estou em Salvador, ou talvez tudo me diga que estou e só podia estar em Salvador. Mas, onde quer que eu esteja, estou no JAM NO MAN. Estou ouvindo Jazz da melhor qualidade, tocado por músicos soteropolitanos  e de qualquer outra parte do mundo que por acaso tenham aterrisado por ali hoje. O "ali"  é o Museu de Arte Moderna. Logo ali...na Av Contorno S/N, no Solar do Unhão. E para aqueles que se limitam a reclamar da atual música baiana ( os "rebolations" da vida ) eu digo que é só procurar que acha. Eu adoro jazz, e sempre senti falta disto aqui em Salvador. Não sinto mais...vejam porque...






André Becker ( Sax alto e flauta ), André Magalhães ( Piano ), Gabi Guedes ( Percurssão ), Ivan Bastos ( Spalla e baixo ), Ivan Huol ( Bateria e direção musical ), Joatan Nascimento ( Trompete e flugelhorn ), Orlando Costa ( Percurssão ), Paulo Mutti ( Guitarra) e Rowney Scott (Sax soprano e tenor) compõem a banda base que recebe os convidados sempre super especiais,  para as jam sessions fantásticas que são a alma dos encontros. E eu do meu lado, só bebendo e apreciando que não sou besta nem nada. Abro aqui um parêntesis para reforçar, como se necessário fosse, que o ambiente é agradabilíssimo, e  o nível das pessoas que ali frequentam é de altíssima qualidade. Não há bagunça, nem empurra-empurra. As pessoas estão ali para ouvir. E ouvem! O pessoal por trás deste evento coloca na prática um discurso que venho arrastando comigo a anos...Mais útil que ficar falando mal da música dita "ruim" é procurar meios para possibilitar que se toque(quem toca)  e se ouça a música boa(quem ouve). Ou seja, quem toca deve se unir para fazer surgir a oportunidade, e quem gosta de ouvir boa música deve prestigiar quem quer tocar boa música...Aí as coisas acontecem. E como acontecem. Antes que eu esqueça de avisar... na lateral direita desta página  está o link para o site do JAMNOMAN. Vão lá conhecer melhor este trabalho!
Claro, já estou na quarta lata, preparando o espírito para o próximo sábado, hehe. Não sei quem vai estar por lá tocando, para mim é sempre surpresa, e eu gosto mais assim. Nestas horas consigo não sentir inveja da vida cultural de outras cidades "grandes", pois posso afirmar que há vida inteligente no movimento musical da cidade da Bahia, hihi. E fico com orgulho de ser bahiano e preto ( sim, senhores donos do politicamente correto, eu sou preto meu nêgo, nada de afrodescendentalismos amenizadores do que não precisa nem pode ser amenizado. Me orgulho de minha raça e pronto.) E o jazz meu amigo, tem mão de preto no couro! Hehe.
Agora...só uma coisa me intriga, além do beijo de amor que não roubei...não se ouve jazz tocando nos carros no último volume, nem nos celulares nos ônibus cheios. Por que será? Sei lá. No mais,  vou ficando por aqui, enquanto a cerveja não acaba. Até mais ver!!!!!!